Alto-falante FullRange, uma opção de riscos e compromissos

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Introdução

Recebo muitos e-mails de pessoas que possuem valvulados de baixa potência, situação típica para se adotar caixas com alto-falantes do tipo fullrange e alta sensibilidade. O problema, é que também recebo uma penca de e-mails de pessoas que montaram e não se acostumaram com esse tipo de solução…

Abaixo, vou passar algumas considerações sobre o que penso apenas para clarear a mente dos que tem dúvidas e caso adotem, saibam a melhor maneira de lidar com tudo que isso representa

Uma solução de compromisso

Que toda caixa acústica seja ela qual for ou quanto custar não deixa de ser apenas uma solução de compromisso, então, jamais acredite que um tipo de “sonofletor” é necessariamente melhor que outro no resultado final, já que ao meu ver, o correto seria dizer:

“Existem excelente caixas e outras nem tanto, independente de como são feitas”…

Que as necessidades para uma boa reprodução de graves (área deslocada e capacidade de mover ar) é inversamente proporcional as necessidades de uma boa reprodução de agudos, isso por si já mostra que a adoção de um alto-falante do tipo fullrange não deixa de ser uma solução de compromisso altamente peculiar, pois precisaremos ter meios de contornar algumas leis de física que são imutáveis, então é fato que jamais terá um agudo de um Ribbon ou de um tweeter top e jamais terá um grave de um woofer dedicado e isso é fundamental para a sua escolha.

E por falar em graves, leia isso aqui: https://audiokit.com.br/das/?p=46

Nem tão acessíveis

Nessa luta inglória, alguns poucos conseguem agradar e diminuir ao máximo as exigências básicas de uma bela reprodução em todo o espectro da faixa audível, mas custam uma fortuna com modelos que passam fácil dos USD 2.000,00 por unidade. Ou ainda, valores surreais e superiores a R$ 100.000,00 (isso mesmo) quando falamos de Feastrex ou Voxativ

Cobertor de pobre

Alto-falante é como cobertor de pobre, se cobrir a cabeça vai sobrar o pé de fora. Para ter alta sensibilidade, não tem como ter xmax que é a capacidade de deslocamento do alto-falante. Para piorar os bons possuem um grande motor e por isso baixo QTS e alto BL. Para entender, é como botar um motor turbo em um carro convencional para andar em um desfiladeiro abaixo, ou seja, um descuido com o pé pesado e é morte certa na ladeira…. por isso pode ser uma pena pegar um belo full e jogar em um simples gabinete BR ou selado se não houver muito entendimento de tudo que envolve.

Aqui entram os fabulosos gabinetes do tipo Horn, pois a capacidade de gerar graves com um alto-falante sem xmax dependerá de uma intricada relação entre “câmara de compressão, garganta, linha e boca(horn) ” ou seja, o grave é “criado” a partir do gabinete por conta de seu grande motor e mais importante ainda, de como é feito o acoplamento do alto-falante no ambiente, que em uma horn bem projetada a eficiência é absurda.

Mas se não houver um controle preciso disso, o risco é ter um punhado de distorção ou quem sabe o cone voando como uma guilhotina na direção de seu pescoço… rsrs

Galeria de fotos de gabinetes

E cá para nós, definitivamente não é qualquer mortal que pode se dar ao luxo de ter algo assim em nossas salas.

Minimalista

Ainda no tema, o uso de um alto-falante desses em Open Baffle é algo verdadeiramente curioso e tem que ser pensado com MUITO CUIDADO, mas pode ser interessante quando se tem alto QTS (a Visatom tem um modelo muito usado…) e for projetado para trabalhar em frequência de no mínimo médio-graves para cima… usando um corte de alto slope, mas isso vai contra alguns pensamentos puristas, terá crossover e uma penca de compromissos de uma caixa de duas vias…

Um dos argumentos mais usados por simpatizantes dos fullranges está no fato de todas as frequência estarem com coerência de fase por estarem sendo reproduzidos no mesmo alto-falante, em toda a faixa audível e isso é realmente fantástico.

Mas isso tem um efeito colateral pouco mencionado, que é baseada em uma lei básica onde diz que toda frequência cujo tamanho da onda é menor que seu meio reprodutor (cone) ela será altamente direcional e apresentará uma péssima resposta fora do eixo. É um preço alto se por exemplo seu ambiente for grande, se o ponto de audição não for único. Para ter uma ideia, essa é uma das principais premissas de uma caixa acústica verdadeiramente hi-end de alta performance.

Em outra palavras, EMHO uma caixa fullrange é para ambiente pequenos, audições solitárias e gêneros musicais bem definidos.

Não ter crossover é meio relativo, acho legal pela facilidade de ter algo bom e tocando com facilidade, mas um crossover bem projetado pode trazer o melhor de todos os mundos para um caixa acústica, não podemos generalizar aqui.

Você pode por exemplo ter uma caixa de hipotéticas 10 vias e ter coerência de fase perfeita, resposta fora do eixo animal e uma sonoridade maravilhosa…e não podemos esquecer que alguns fabricantes de full simplesmente não publicam curvas de respostas e nem preciso dizer a razão né…

Geralmente, mesmo uma simples caixa dessas pode precisar de um bom tratamento passivo com o uso de pesados filtros para correção da curva de resposta, caso a busca seja por algo verdadeiramente TOP, caso contrário alguns ranges podem ficar insuportáveis para longas audições

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