Graves e Subgraves

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Introdução

Vamos tentar entender e conhecer um pouco mais sobre todas as principais variáveis que podem garantir uma reprodução de graves minimamente decente, desmitificando mitos e aprofundando o olhar sobre essa faixa de frequência tão fascinante e idolatrada por 10 entre 10 pessoas que gostam de áudio.

O que são os Graves

Na teoria, são considerado graves todos os sons compreendidos na faixa de frequência dos 20Hz aos 200Hz, tendo ainda alguns subgrupos onde poderíamos destacar os Subgraves que muitos autores sugerem dos 20Hz aos 40Hz… Mas no meu entender considerando o ambiente residencial de alta fidelidade ou de Home Theater, acho válido que fosse no máximo até os 30Hz.

Abaixo um desenho interessante:

Fonte: https://blog.landr.com/sound-frequency-eq/

SPL, extensão e o som automotivo

O mais interessante de tudo é que de certa forma, podemos ter os graves para cada necessidade, mesmo que por partes. Podemos por exemplo ter um alto-falante de 6″ que possa descer na casa dos 30Hz mas que dificilmente terá SPL para sustentar grandes deslocamentos em ambientes grandes ou gêneros musicais dedicados como música eletrônica, rock pesado e tantos outros…

Mas esse mesmo alto-falante reproduzindo um disco como Wood do Brian Bromberg pode ser talvez uma das experiências mais divertidas e fascinantes com graves pela riqueza de detalhes de cada acorde em notas tão baixas. Fica a dica inclusive!

Por outro lado, muito sistemas podem gerar SPL absurdos mas nem sempre conseguem descer com qualidade mínima para esse tipo de experiência.

No ambiente profissional por exemplo, é muito comum que os subwoofers respondam acima dos 40Hz e nem sempre com grande resolução.

No ambiente de som automotivo (para a turma que gosta de SPL e não necessariamente de SQ) é muito comum subwoofers com FS acima dos 60Hz, bom XMAX, 3000W de potência e etc.. ou seja, uma capacidade de gerar SPL pela simples força bruta e tendo no SPL a única premissa mínima de qualidade.

O Grave de socar o peito

Sabe aquela sensação maravilhosa onde sentimos literalmente o tal “soco no peito” quando em ambientes de grande pressão sonora o grave quase que nos sacoleja? Coisa boa né?

Mas aquela sensação é formada pela incidência da frequência reproduzida com a frequência de ressonância da NOSSA CAIXA TORÁCICA que tem uma frequência de ressonância situada por volta dos 65Hz dependendo do indivíduo…

Moral da história: O tal grave que nos fascina, na verdade nem é lá muito grave assim… hehehe

Deslocando muito ar, desmistificando tamanhos

Graves é acima de tudo a capacidade de deslocar ar, quanto maior for essa capacidade com menor esforço, melhor o grave será. Mas isso cria uma situação curiosa onde temos a tendência de acreditar que por razões óbvias quanto maior o alto-falante, melhor e mais adequado ele será para a reprodução de graves.

Um alto falante tem a área de seu cone justificada por uma parâmetro oficial chamado SD, que nada mais é que a área útil em Cm2 do cone, de cabeça algo mais ou menos assim:

10″ costuma se situar em 380cm
12″ costuma se situar em 560cm
15″ costuma se situar em 850cm

Mas como um cone parado não tem utilidade alguma, temos que ter em mente a capacidade de deslocar de cada alto-falante… ou seja, a capacidade dele ir e vir, sem distorcer preferencialmente. E para isso, existe um outro parâmetro oficial chamado carinhosamente de XMAX, geralmente expresso em milímetros

O Xmax e o VD

E o que determina a extensão do deslocamento do cone ( XMAX ) são detalhes construtivos de quem os projetou, por isso, você pode ter um alto-falante de 8″ com XMAX de 15mm e um de 18″ com XMAX de 4mm

Isso dito, vamos tratar de um terceiro parâmetro que não é oficial mas faz parte da brincadeira, carinhosamente apelidado de VD que usaremos para montar uma referência hipotética sobre a área cúbica deslocada em seu potencial máximo, ou seja:

Se o de 10″ tem um SD de 380cm2 e um XMAX de 1,2cm, temos então 456cm3 (SD x XMAX)

E é aqui que a coisa fica divertida, pois um hipotético de 12″ com 24mm de Xmax gera um VD de 1344cm3

Descola MUITO mais que um outro de 15″ com XMAX de 7mm, na verdade esse hipotético de 12″ desloca o equivalente a quase TRÊS do de 15″ nessa situação, logo…

Imagine então quando eu brinquei com 4 de 10″ ou quando temos algumas linhas com 10 de 8″ e é por isso que muitos de 18″ sequer encostam. Nem falo de curva de impedância, trabalho em regime de segurança, ausência de distorção, acoplamento acústico  e etc…

O VAS

Para deixar tudo mais divertido ainda, temos um quarto parâmetro carinhosamente chamado VAS que é uma relação entre espaço/compilância e que indica a grosso modo o “volume” do gabinete necessária para tirar o melhor daquele alto-falante e aqui temos mais pegadinhas ainda, pois posso ter um VAS ridiculamente pequeno em um alto-falante de 15″ e um exageradamente grande em um de 10″, gerando uma distorção curiosa de entendimento, pois nos obriga a fazer o gabinete do de 10″ ser maior que o de 15″, apenas por uma razão técnica..nada mais… da mesma forma que um dado alto-falante de 12″ pode estar em uma caixa minúscula e ainda assim estar perfeito.

Bote agora alto-falante de 6″ de 7″ e até mesmo de 4″ ou 18″ com todas essas variáveis e veja o quanto ficou divertido.

Com pode ver, o conceito de GRANDE é meio relativo para ter bons graves… para temperar mais ainda, sabemos que quanto mais sensível for o alto-falante (síndrome de cobertor de pobre) menor o deslocamento e por isso que caixas vintages ou fullranges modernos, geralmente de boa sensibilidade mesmo com cones grandes, dificilmente deslocam, bem diferente dos “arretadinhos” modernos que possuem baixíssima sensibilidade e deslocam um absurdo, mas quando são alimentados por grandes potências, geram graves incríveis..

Os Gabinetes

Uma caixa boa, será boa independente do tipo de construção e isso é um fato. Mas alguns gabinetes podem e devem ser usados para tirar o melhor de acordo om sua necessidade.

Horn para SPL – Nenhum gabinete irá superar uma boa horn, mas dificilmente você irá conseguir uma extensão em notas muito baixas sem um acoplamento imenso de caixas. Aqui eu dou dica da W-Horn.

Linha de Transmissão para Extensão – Se você quer descer as profundezas dos subterrâneos, em muitos casos indo até as notas da região de infrassons, ou seja, abaixo dos 20hz a melhor maneira é considerar um gabinete em Linha de Transmissão. É também o mais audiófilo e musical de toda e qualquer reprodução de graves. Aqui eu falo tudo sobre o tema.

BR para o faz tudo – A melhor solução de compromisso entre SPL e boa extensão é o popular gabinete dutado (bass reflex). O bass reflex está para o audio, assim como o pato para natureza, corre, nada e voa mas tem outros que fazem isso bem melhor quando são especializados. rs

O Selado para música – O gabinete selado é uma espécie de pato com MUITA qualidade. Com ele podemos ter um ótimo SPL e a musicalidade bem próxima de uma Linha de Transmissão. Se quer graves decentes para música, em uma construção simples e pequena, não há nem o que pensar.