DAD Fedale – Uma lenda intocável quase 50 anos depois…

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Considerando principalmente que o que busco é somente me emocionar e me sentir bem diante dos brinquedos que tento fazer, tenho que admitir que o universo DIY sempre foi muito generoso com minhas pretensões.

Falei em me emocionar e talvez seja obrigado a repetir isso por diversas vezes, pois não consigo imaginar outra forma que possa representar com maestria o que sinto diante desse projeto, para um fissurado por alto-falantes, estar diante de um exemplar desse calibre e principalmente ser o primeiro a abrir uma caixa lacrada no ano de 1963, para terem uma noção exata eu apena viria a nascer MUITO anos depois.  rsrsrsr

Tudo começou assim

Certo dia o amigo André me liga falando que queria montar um novo set mas usando um “aproach” diferente do que tinha na época e que eu, Renato, deveria fazer uma caixa para a ideia louca dele, pois já possuía um subwoofer feito por mim e gostaria de ter agora um par de caixas.

Eu então contei aquela ladainha de sempre:

  • Não vivo disso;
  • Não tenho tempo;
  • Só faço nos finais de semana e atualmente são ocupados por 2 lindos e terríveis guris;
  • etc..etc..

Mas no meio da conversa me traí falando que na verdade, só faço caixa onde tenho carta branca para fazer o que quiser, ou seja, quero é me divertir fazendo algo novo e por isso nunca replico nada. Isso seria comércio e o preço seria absurdo, já que não há tesão para fazer do hobby algo repetitivo, ele muito malandro me fala na maior cara dura:

Ok, proposta aceita! Logo depois terminamos o papo sempre agradável e desliga o telefone… rsrsr

Uma semana depois ele me liga e solta essa: Comprei um par de alto-falante bem interessante na Austrália, será embarcado por navio e com sorte, entre 6 e 8 meses chegará na sua casa e aí você decide o que fazer com ele.

Achei aquilo loucura nível 10, mas me calei e esqueci por completo disso,  7 ou 8 meses depois me chamam no portão e o resto da história está na divertida saga que relato abaixo.

A emoção de desembalar quase 50 anos depois

Incrível perceber cada detalhe de uma construção exemplar, a tipologia da época, o esmero da embalagem ou ainda a assinatura datada da linda etiqueta.

O Gabinete

Um brinquedinho desse de 12” não tem como habitar algo relativamente pequeno, tentei então fazer algo que pudesse ter uma boa proporção e ao final uma bela aparência.

O Tweeter

Desde o começo foi definido que seria interessante um bom tweeter para acompanhar as altas pois não tinha uma noção exata do que esperar dessa região quando reproduzida por um alto-falante de 12”. O André comprou no Ebay um tweeter tido por muitos como um dos melhores já fabricados para esse tipo de aplicação. Coral H-40

Como alegria de pobre dura pouco, um tweeter veio “mudinho” mas para minha alegria veio um reparo junto. O desafio era apenas catar o fio da bobina, torcer para não acontecer nenhum imprevisto e correr para o abraço. UFA, deu tudo certo!

Componentes em dia, hora de dar um trato no gabinete

Usei uma folha que sempre gosto muito, pré-composto de ipê champagne e ficou ao meu ver, muito interessante com direito a Spikes metidos a besta e tudo. rs

Desenvolvendo o crossover

Hora de levar o monstrinho da sala para o quintal (tomei vergonha e fiz finalmente um carrinho para transportar) e começar a medir, só assim teria dados suficiente para ter uma noção da performance e montar o crossover

Foi desanimador ver um pico, na verdade uma montanha de praticamente 15dBs entre 1.600hz e 6.000hz o que batia exatamente com o que escutava na sala, onde vocal feminino era extremamente cansativo ao passo que graves e até agudos eram maravilhosos, tudo com muita resolução e pegada. Pela curva até que podemos falar que de fato é um fullrange, ou na pior da hipóteses uma “quase isso”… rsrsr

Qual a solução?  Muita gente pode torcer o nariz, mas a minha vontade era meter um cross com alto-slope e fazer uma duas vias convencional, o próprio tweeter me permitiria brincar com alguma solução assim como podem ver. Em uma busca mais atenta achei alguns posts do Troels Gravesen com uma visão muito parecida com a minha http://www.troelsgravesen.dk/WharfedaleSuper8.htm

O problema disso seria fazer um cross lotado de componentes, filtros diversos e um “aproach” super moderno para 2 alto-falantes que remotam de uma época de simplicidade e poucos componentes. No fundo também não me agradava fugir tanto da filosofia “fullrange” com apenas um capacitor para o tweeter lá nas cucuias..  rsrsr

A segunda solução seria montar um filtro Notch para tentar domar uma montanha dessas, tarefa esquisita mas nada impossível que me levaria novamente para a questão do número de componentes, mas ao menos disso não tinha como fugir, foi a minha opção e nas imagens abaixo podem ver o circuito que projetei, a simulação da curva que consegui.

cross_2
cross_1_fr

Gambiarra montada, curva batida no quintal novamente e agora, sai a montanha e entra um lindo e florido campo plano… que ao meu ver foi mais que satisfatório e eficiente, tanto tecnicamente como subjetivamente ouvindo na sala, onde tudo ficou absolutamente encantador.  A curva abaixo é apenas do full. 🙂

O pior foi feito, agora é bater uma fotos legais e atualizar o post com detalhes extras e muitas informações.

E ao final, a deliciosa saga para deixar em seu ambiente definitivo, um lugar muito especial…Em sua sala dedicada.

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