DAD Prime – Uma grande e pesada aventura

Categorizado como Caixas Acústicas, Destaque Marcado com , , , ,

Introdução

E pensar que fazer caixas era algo relativamente simples, mas o tempo passa…

Essa caixa é algo completamente fora do convencional, a razão básica de sua criação vem pela necessidade de se ter alta sensibilidade e que independente de seu tamanho, fosse factível para ser empurrada  por valvulados de relativa baixa potência.

Não medi esforços para garantir sucesso nessa jornada e o que mostro abaixo, são detalhes dessa incrível aventura.

Woofer 15″ – JBL 2226H – 97dBs

https://www.jblpro.com/pages/pub/components/2226.pdf

Não tem o que conversar, qualquer busca pelos melhores woofers disponíveis no planeta irá lhe jogar nesse monstro. Tem uma construção absurdamente impecável e é incrível como um woofer desse tamanho pode ser sutil, rápido ou assustador dependendo da demanda.

Como nem tudo são flores, tem um FS relativamente alto (40hz) e um descuido qualquer no projeto e você pode ter um mico da mão, pois imagine uma caixa gigante, um woofer de 15” e sua caixa estar respondendo a partir dos 50hz. Ou seja, sintonizar corretamente esse woofer não foi nada simples e não recomendo caso não tenha equipamento de medições e um entendimento apurado da sintonia do gabinete projetado. Nessa caixa ele está descendo a 34hz em –3dBs no ambiente e isso foi verdadeiramente fantástico.

Mid 10″ PHL 3450 – 101dBs

http://www.lamaisonduhautparleur.com…Pdf/SP3450.pdf

Eu queria algo grande, que tocasse sem qualquer esforço e que fosse muito TOP. A escolha não poderia ser melhor, fabricado na França esse bicho é algo sem paralelo e não seria um erro afirmar que é a grande estrela desse conjunto. Um espetáculo como pode ser visto nas fotos abaixo.

Mas para variar, fazer o rebaixo para esse tipo de formato de carcaça foi um trabalho extremamente complexo. na verdade, foi um trabalho de tupia para os fortes… rs coisa de louco.

Ao final, esse gabinete dos médios deu um trabalho absurdo mas valeu cada gota de suor, ele sozinho encosta nos 30kg e ficou absurdamente bom.

Tweeter Ribbon Fountek 97dBs

Fountek NeoCD2.0

Inicialmente eu tinha em mente outro tweeter, mas como eu já usei esse Fountek em outros projetos e sei de sua capacidade, acabei optando por ele. Havia um receio grande de minha parte de que por conta da sensibilidade e dos componentes a caixa não fosse “doce” e eu não queria que ela fosse como uma caixa de PA, colocar esse tweeter me dava a garantia de trazer refinamento, musicalidade e uma espacialidade típica de caixas residenciais de grande performance com tweeters de fita. Havia o desafio de casar ele com os médios, mas com a qualidade dos médios, esse seria o menor dos riscos..

A jornada

Dando início a jornada, gabinetes montados é a hora de encaixar as peças e começar a ter uma noção da loucura que me meti, ainda sem os tweeters.

Geralmente usamos uma configuração típica com Woofer + Mid + Tweeter mas nessa caixa isso representa uma problema curioso. Todo Ribbon tem uma excelente resposta no eixo horizontal, mas sempre possuem alguma limitação na resposta do eixo vertical. Colocar o tweeter no topo em uma caixa com quase 1.70m de altura poderá trazer limitações dependendo da distância em relação ao ponto de audição, por isso preferi inclinar a caixa apontando para o ouvinte e ao colocar o tweeter no centro, o deixo de forma paralelo ao piso e na altura de um ouvinte sentado no sofá. O desenho abaixo que peguei na internet de outra caixa mostra isso de forma mais clara. Isso explica também que a caixa possui esse formato inclinado muito mais por consequência técnica do que sobre qualquer olhar meramente de design.

10154472_10201829116036119_2080990177_n

Medições & Projetos

Hora de ir para a parte mais complicada e técnica, desenvolver o crossover.  Eu desenvolvo o cross a partir de medições reais (curva de resposta, fase e impedância) dos componentes no gabinete, ou seja, considero a imposição das variáveis geradas pelo próprio gabinete e com isso, o uso de fórmulas  definidas nem sempre são viáveis. Usei 3ª ordem nos graves e nas altas.  E 2ª ordem no “bandpass dos médios”, fora zobel para ajuste de impedância e atenuação com L-PAD para uniformizar a resposta nos médios

Só que o corte adotado é relativo pois eu sempre tenho como meta um corte com “resposta acústica” de 4ª ordem e isso pode ser obtido usando o “rolloff” natural dos alto-falantes ou dos valores e implementações no cross.

Acima uma imagem que é  a resposta gerada pelo cross usando os dados reais das medições nos gabinetes da caixa, deve ser desconsiderado tudo abaixo dos 400hz pois era uma medição “farfield” e dessa forma há muito LIXO gerado por conta da interação com o ambiente, assim como a partir dos 16khz por conta da forma que medi o tweeter, já que ele responde acima dos 30khz

A resposta de graves para ser medida, teria que ser em plano terra, que me obrigaria a levar esse monstro para uma área bem grande e aberta, ou seja é bem complicado. Como podem ver a curva do mid é um espetáculo e facilitou tudo.

A caixa tem uma curva de impedância amigável, sem grandes variações e isso é um diferencial legal pois pode ser empurrada mesmo por amplificadores sem grandes necessidades ou alto custo. Inclusive valvulados de baixa potência! Sua sensibilidade de 97dBs permite uma capacidade de gerar SPL em níveis absurdamente insanos… MESMO!  Música eletrônica por exemplo é uma experiência a parte e reprodução acústica algo muito especial, tem velocidade e extrema “inteligibilidade” mesmo em passagens complexas. Em vocal é de uma doçura apaixonante…

O Crossover

O cross não foi nada simples e ficou imenso, com quase 3kg de pura loucura.

Tudo ajustado, hora de partir para a montagem final, laminação e etc. Eu achei linda, mas acho que sou um tanto suspeito…os módulos são ligados de forma externa, pois assim posso transportar completamente desmontada sem qualquer dificuldade e isso é fundamental com caixas que passam dos 120kg como é o caso dessas pequenas.

A parte cruel dessa jornada não deixa de ser a maior das pegadinhas. A caixa foi feita e planejada para ser usada com valvulados, mas eu simplesmente não os tenho. A solução foi recorrer aos amigos da AUDIOPAX, um fabricante nacional que dispensa comentários e em um dia de pura magia, cá estavam…pena que o dia passa rápido.

Um sistema “estrelar” Audiopax

Nesse dia e com a presença de alguns amigos bem especiais, o Orestes Locatel generosamente me presenteou com o vídeo abaixo:

Compartilhe: