Caixa Acústica – Reflexões curiosas sobre o desenvolvimento…

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Esse certamente é um dos posts mais bizarros que escrevi nesse espaço e antes que algum engraçadinho de plantão pergunte se bebo ou uso drogas, afirmo categoricamente que não faço uso de qualquer uma dessas opções.

Poder lidar com o desenvolvimento de caixas acústicas de alto rendimento é sem dúvida uma das coisas mais espetaculares que eu poderia fazer na minha vida.

Tem horas que sou um “reclamão” nato da vida, seja por falta da grana, do pouco tempo que sobra para essas brincadeiras ou de uma incrível dificuldade imposta para quem gosta de alto-falantes mas mora no Brasil.

Tudo aqui é bem complicado e alguns projetos para ganharem sua forma definitiva necessitam de grandes doses de aventuras no melhor estilo Indiana Jones, nós não temos uma simples porca garra 3/16 em lojas…

Meu sábio, fantástico e saudoso Pai falaria: Mas meu filho, o bom da dificuldade é justamente poder dar o valor correto no que tem de bom.

Quem vê uma caixa pronta e tocando, geralmente não consegue ter uma noção exata do que isso representa, da loucura que é desenvolver um projeto tendo que considerar todas as variáveis e que definitivamente são muitas..

De lidar com componentes complicados e muitas vezes extremamente delicados onde um simples descuido pode levar um desses para a terra do “imã colado” para sempre e isso é especialmente assustador com vintages raros e colecionáveis. O negócio é tenso, como diria meu filho ainda adolescente.

DSC_8078Vem a parte braçal da brincadeira, a parte cativante e maravilhosa de transformar uma chapa grande e sem graça, em pedaços desconexos mas que de uma hora para outra e geralmente em uma divertida farra de criança começa a ganhar formato e uma identidade única.

Na verdade, aos meus olhos ganha uma curiosa forma de vida, tal qual um personagem marcante de uma grande obra literária.

Finalmente deixou de ser pedaços ou partes para ganhar identidade, algo ali nasceu, brotou, levantou, que começa a te olhar com a louca possibilidade de existir para somente te agradar, “piração” total… só que muito cativante, apaixonante e especialmente mágica na essência de ser e existir ali.

Vem a roupa de gala e o incrível desafio de no meio de tudo, ainda tentar dar uma boa aparência, afinal, até na terra das caixas o preconceito visual é assustador. 🙂 😀

cross_fr_sqChega então o complexo dia de definir o crossover, a verdadeira “alma” do projeto e onde finalmente poderemos ver de forma clara o que teremos de sintonia entre o agora gabinete e seus intrusos porém marcantes componentes.

A sintonia entre eles, interligados através desse crossover que será definitivamente o que poderemos chamar de alma dessa divertida aventura.

Pode ter corpo, pode ter órgãos … mas sem alma, não há vida que se justifique. 🙂 😀

Todos os componentes  precisam se conhecer intimamente e com o tempo adquirirem uma sintonia até então inimaginável, cada ato de agora em diante tem que ser executado com a perfeição de apenas um corpo, não há mais nada individual, temos um produto, um personagem ou seja lá o que for, temos agora algo único, nada de partes ou peças, nasceu finalmente A CAIXA ACÙSTICA!

Eu costumo falar que no áudio sou um cara feliz por uma razão muito curiosa, meus projetos sempre me agradam e de alguma forma, acho isso um feito e tanto.

Mas sou um cara muito pragmático também e isso é justamente o meu maior medo, já que sobre um olhar puramente frio e estatístico, se todos deram certo , é claro que um dia dará errado, FATO!

Chega o o dia da primeira audição na sala, a emoção fica balizada por apenas uma questão: Será sessa, a primeira a dar errado?

Vou confessar algo, aqui a tensão fica no nível SUPER TURBO MAX. rsrsr

Vem a primeira música, ainda muito tenso não escuto música, apenas sons, características e defeitos…

Vem a segunda música, começa uma apresentação tímida, um conhecimento curioso e desconfiado do criador frente a sua criatura.

DSC_6837Na terceira música, ambos estão tímidos e o momento é deixar a tensão passar… começo a notar que tem finalmente uma música tocando na sala.

Vem a quarta música, o clima está mais ameno, esse novo personagem, virou amigo e como quem não quer nada, é hora de começar a explorar e brincar com os minhas percepções, analisando cada virtude e defeitos desse meu novo amigo.

Sim, já sei que o que brota na sala é apenas música… e em um ato completamente premeditado, desligo tudo, fico um dia sem mexer, o momento não é de explorar o desconhecido é apenas de “aceitar” esse novo personagem para que no outro dia, já devidamente apresentados possamos evoluir.

Quando desligo com um sorriso na orelha é sinal que começamos bem…

No segundo dia escolho o melhor gênero musical, brinco com o melhor posicionamento, tento tirar o que ela tem de bom e exagerar no que ela tem de pior… costumo bater novas curvas de respostas e impedâncias e com isso em mãos, lido com alguns ajustes que venham a ser necessários…

Terceiro dia, eventual l-pad no tweter ou notch no médios, ajuste precioso de posicionamento na sala, melhor eletrônica disponível e chegou finalmente o lucro de toda a aventura narrada de forma curiosa nesse post.

Navegar por músicas e mais músicas, emoção pura, por ter feito algo tão “suspeitamente” deslumbrante, independente de valor, marca, dificuldade ou performance.

Missão cumprida, missão realizada… que venha a próxima.

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