Introdução
Sabemos que o mercado brasileiro é extremamente carente de componentes para o áudio residencial, por outro lado, apesar da qualidade duvidosa, temos um mercado voltado para o automotivo relativamente grande e sempre tem algo perdido no meio para garimpar, vide alguns de meus projetos com caixas e subwoofers
Um segmento especial que talvez passe despercebido por muitos é o mercado dos componentes para o mercado PRÓ, usado em Sonorização Publica (PA), Igrejas, Shows e etc. É um mercado curioso, de muitos fabricantes nacionais, mas também de muitos distribuidores oficiais das melhores marcas do planeta aqui no Brasil.
Não é difícil comprar componentes da B&C, JBL, RCF, Eighteen Sound, Beyma, Eminence e tantas outras marcas consideradas de excelência.
Para o tipo de aplicação que tenho em mente, sempre há o questionamento básico de que até que ponto esse tipo de produto pode ser adequado para áudio residencial e um das afirmativas das mais interessantes que já li, seria algo como:
“Se foi projetado para trabalhar no limite, no ambiente residência será fascinante pelo uso MUITO abaixo do suportado…“
Preço e Detalhes
Para facilitar, clique no botão abaixo para saber condições, preços e disponibilidades.
Um olhar diferente para uso residencial
Filosofia a parte, certa vez navegando pela internet eu esbarrei com alguns belíssimos projetos mundo a fora, sempre utilizando duas vias, com um woofer de grande diâmetro (12″ ou 15″) e um driver de compressão acoplado em uma corneta bem específica. A aparente simplicidade, na verdade visa buscar o que é conhecido como “Constant directivity” e que pode ser alcançado com o uso de “waveguides” ou guias de ondas, aquilo que muitos generalizam chamando apenas de corneta.
Como são componentes de alta sensibilidade, não preciso dizer que entre outras virtudes, suportam muito SPL e podem ser adequadas além de audições em 2CH (stereo) também para HTs de altíssimas performance, por conta da facilidade de serem empurradas por qualquer amplificador ou mesmo receivers de entrada.. fora valvulados de baixa potência ou ainda aquela caixa para levar para o quintal em dia de churrasco e sentar o dedo. rs
FAQ
Abaixo uma FAQ com as principais dúvidas sobre o projeto, pois ele é comercializado aqui no site. Mas não deixe de ler todo o restante do artigo para que possa entender o que isso representa de trabalho e performance no resultado.
Party – Review do Everton Fragnani
Party – Review do R. Castilho
O interessante desse review é poder surpreender com algo justo alguém que conhece muito bem o mercado e tem a oportunidade de lidar sempre com boas marcas e referências do mercado profissional. E viva a Selenium. 🙂
A algum tempo venho acompanhando a Audiokit e mais recentemente acompanho o criador deste em suas postagens no Facebook, que sempre me despertaram muito interesse pela sua flexibilidade em montar diversas caixas acústicas que partem de pequenos montantes de dinheiro até pequenas fortunas, sempre mantendo um padrão acima da média do que o mercado nos oferece.
Mais recentemente o projeto da DAD Party me chamou atenção, componentes comuns, que encontramos em qualquer loja do ramo, porém os resultados e gráficos apresentados pelo desenvolver não fechavam com a experiência que até então eu havia presenciado com estes componentes.
O 12PW5 e o D220Ti já passaram diversas vezes pelas minhas mãos, nas mais variadas configurações (inclusive em sistema ativos), mas até então nunca me surpreenderam. Com estes componentes em mãos resolvi comprar a briga, vamos ver se o tal Renato fez mesmo um crossover que leve estes componentes aos resultados publicados.
Após alguns dias de espera recebi os esperados circuitos fabricados pelo Renato, a primeira surpresas foi o tamanho e peso dos circuitos, capacitores tamanho GG montados em uma base de MDF juntamente com indutores XGG, um deles com núcleo de ferro. Componentes estes de qualidade superior aos comumente encontradas nos famosos circuitos genéricos, indutores com enrolamento preciso.
Como característica dos produtos do Renato, não existe circuito impresso, o que não vem a ser um problema pois os componentes estão muito bem fixados a peça de madeira e conectados com fios de bom calibre com soldas muito bem feitas . As conexões de entrada e saídas estão identificadas com pequenas etiquetas em papel. Simples e funcional.
Em posse do crossover iniciei os testes, a fonte de sinal foi um computador reproduzindo gravações de minha referência, em formato FLAC com uma interface Behringer Uphoria UM2, 24 Bits/48khz, o sinal é enviado para uma mesa de som Mackie DL1608, que apesar de diversos recursos de equalização e filtros, todos estavam desabilitados, a mesa foi basicamente um buffer entre o amplificador e a interface, para adequar os níveis de tensão. Por fim um amplificador DB Series 6K que fornece 2 canais de 750 watts em 8 ohms alimentou as caixas. Todo este sistema foi montado na sala de casa, sem subwoofer.
Uma bela surpresa ao ouvir os primeiros segundos de música. Graves, médios e agudos no lugar certo, sem uma única sobra ou alguma frequência saliente. As frequências mais baixas conseguiam tomar todo ambiente, sem embolar, sem sujar a música, na medida certa, dava a impressão de ter um subwoofer escondido em algum lugar da sala.
Os médios muito claros, os vocais e instrumentos de sopro ficaram extremamente inteligíveis, os violões e guitarras do Eagles e Dire Straits apareceram fortes, mas em harmonia com o restante dos instrumentos.
A melhor parte, sem dúvida, as altas frequências! Escrevo com total convicção o que o Renato já tinha me dito: “Não sabem utilizar o D220“. E de fato, não parecia um deles! O driver “acoplou” perfeitamente no woofer, não sendo possível determinar quais frequências saem de cada componente, mas sim um única fonte: a Party.
Os agudos subiram, subiram, subiram, em função da corneta? Em função do crossover? Na verdade, em função do acerto entre os dois. Com potências entre 20 e 100 watts já é possível fazer essa caixa atingir vários dbs a mais que qualquer home theater, bookshelf, ou similares.
Aprovada na sonoridade e em mãos de 1500 watts RMS, vamos aplicar potência na caixa!
Levei a mesma para o patio de casa, apliquei um subsônico em 50hz e os níveis a modular na região de 0db. A caixa não perdeu a desenvoltura, mostrando ótima sonoridade com spl alto.
Muito mais que o necessário para um churrasco, mais do que o necessário para um pequena festa!
Tive oportunidade de testar esta caixa com ainda mais potência, com subsônico ainda mais alto e cerca de 2200 watts aplicados no par. Obviamente a caixa já estava sem folego e os transdutores não suportariam isso em longos periodos, mas não se entregou, manteve sonoridade digna produtos caros, bem caros.
Ainda não tive oportunidade de fazer testes mais detalhados para comparar pressão sonora e timbre desta caixa em relação a caixas comerciais, este teste ficará para os próximos dias devido a agenda corrida, mas baseado nas experiências iniciais vai surpreender diante de uma Mackie, JBL, EV, RCF ou similares, ainda mais quando lembrar o quanto ela custou!
Party – Componentes utilizados
Os componentes são encontrados com muita facilidade em qualquer esquina do Brasil, basicamente são:
Corneta Ludovico LC-01 – Ajuda – Fabricante
Driver Selenium D220Ti – Ajuda – Manual em PDF
Woofer Selenium 12PW5 – Ajuda – Manual em PDF
O kit é montado exclusivamente para o uso DESSES componentes e nunca devem ser trocados. Na dúvida, sugiro uma lida nesse artigo aqui.
[btn text=”Saiba mais ou compre o Crossover aqui” link=”https://audiokit.com.br/das/shop/loja-audiokit/caixas-acusticas-kits/kit-party-de-caixas-acusticas-par” tcolor=”#ffffff” thovercolor=”#ffffff” target=”true”]
[btn text=”Saiba mais ou compre o kit de madeiras” link=”https://audiokit.com.br/das/shop/loja-audiokit/caixas-acusticas-kits/flatpack-party-par” tcolor=”#ffffff” thovercolor=”#ffffff” target=”true”]
Direito de uso
É expressamente proibido qualquer procedimento que vise lucro a partir de meus projetos. Forneço os kits apenas para uso próprio e quem possuir estará concordando imediatamente de que NÃO PODE buscar lucros diretos ou indiretos sem minha total autorização ou conhecimento.
É preciso um entendimento pleno de que cada KIT não é um projeto DIY e sim um Produto final que visa facilitar e garantir uma ótima performance e baixo custo para seu único dono.
Jamais, por exemplo, poderá montar uma caixa a partir dos projetos e vender como produto final.
Fazer isso no Brasil não é fácil e ter que lidar com esse tipo de dificuldade seria péssimo para todos.
Party – Projeto, medidas, marcenaria e construção
A caixa montada possui 80cm x 39cm x 28cm ( A x L x P)
Ao efetivar a compra você estará recebendo um manual em PDF com tudo muito detalhado. Além de todas as medidas, forneço também um aquivo vetorizado em tamanho real que vai permitir que corte e monte independente do seu nível de conhecimento em marcenaria.
A parte interna e travamento não precisa ser necessariamente igual a minha sugestão, já que nem todos possuem ferramentas ou facilidade no trato com marcenaria.
Mas se esse for o seu caso, considere o Kit de madeiras que disponibilizo no site para vendas e mostro mais abaixo.
Vendas
Party – Revestimento interno
Basicamente revestir quase todo o interior com feltro (comum ou do betumado) e em algumas partes com espuma casca de ovo, sendo assim:
- Laterais e fundo teremos as duas camadas com os respectivos revestimentos, só considere o espaço para a fixação do crossover no fundo, ou seja, deixe um pedaço na parte inferior sem nada.
- No tampo superior e inferior, apenas feltro.
- No baffle (onde temos o alto-falante) não precisa de nenhum revestimento.
Party – Kit de Madeiras
Para quem não tem espaço ou ferramentas, veja no vídeo abaixo a facilidade do kit de madeiras que disponibilizo para vendas pelo site.
[kad_youtube url=”https://youtu.be/kqYRtMNPPd8″]
[btn text=”Saiba mais ou compre o kit de madeiras” link=”https://audiokit.com.br/das/shop/loja-audiokit/caixas-acusticas-kits/flatpack-party-par” tcolor=”#ffffff” thovercolor=”#ffffff” target=”true”]
De qualquer forma, ao efetivar a compra você estará recebendo um manual em PDF com tudo muito detalhado. Além de todas as medidas, forneço também um aquivo vetorizado em tamanho real que vai permitir que corte e monte independente do seu nível de conhecimento em marcenaria.
Tela de proteção
Abaixo uma dica de solução que adotei no desenvolvimento de tela de proteção, uma forma elegante de conferir um ótimo acabamento ao produto final. Procure em lojas de tecido por “Elanca” um material que não custa mais R$ 3,00 o metro e é bem simples de comprar. Cuidado para não comprar o mesmo produto sobre o título de “tecido ortofônico” que sobre esse pomposo nome, pode chegar a quase R$ 30,00 o metro em lojas especializadas. Coisas da vida…
Esse tipo de acabamento é muito usado por estofadores de móveis e consiste basicamente na criação de uma “vala” e depois o uso de grampos. Para pender a tela no gabinete, pode usar imãs de neodímio que você compra com facilidade pela internet. Uma outra solução é prender com “presilhas para forração do Corsa” e que mostro algumas fotos em detalhes. O pino central é solto, eu retiro e uso o furo para prender na madeira com um parafuso que tenha uma cabeça ligeiramente maior que o próprio furo, na parte do gabinete, apenas faço um furo simples para o encaixe, funciona que á uma beleza…
E lógico, pode comprar os prendedores convencionais para esse tipo de situação, no Brasil é complicado achar mas na China ou ebay é super tranquilo.
Alguns links interessantes…
- http://www.linkwitzlab.com/Constant_directivity_louds.htm
- http://www.gedlee.com/downloads/What%20is%20a%20Waveguide.pdf
- http://www.acousticfrontiers.com/201435speaker-off-axis-controlled-directivity-speakers/
- http://www.gedlee.com/abbey.htm
- http://www.pispeakers.com/contents.html
A jornada
Criar uma caixa acústica com virtudes excepcionais usando componentes relativamente acessíveis. Para minha maior surpresa, muitas mundo a fora usam componentes da nossa querida Selenium, isso mesmo, da Selenium do Brasil antes mesmo dela ser incorporada pelo grupo Harman com suas incríveis/gigantes empresas do mercado mundial.
Resumo da novela, tudo era muito tentador para não ser desenvolvido e o que mostro abaixo, são detalhes dessa incrível jornada…
Woofer
Optei pelo Woofer da Selenium PW5 de 12″ e o critério foi a excelente relação custo benefício, ótimos parâmetros T/S, curva de resposta e uma necessidade relativamente baixa em relação ao volume do gabinete se comparado a outros ou mesmo ao seu irmão maior de 15″..
Driver + Waveguide
Optei pelo D220Ti da Selenium com uma “corneta” (ops..waveguide) Ludovico LC01 que foi o combo que mais me agradou por qualquer olhar objetivo e lógico, os custos…
Hora da poeira subir
E de medir e tirar muitas conclusões
Vale a pena seguir com atenção a descrição de cada gráfico, apesar de saber, que olhar gráfico nem sempre é a melhor das coisas a se fazer.
- Foto 1
220Ti sem corneta alguma,. - Foto 2
Interessante o ganho ANIMAL de uma corneta em determinada região. Medi outras e é facilmente perceptível em qual região cada uma trabalha. Fascinante isso. rs - Foto 3
Maldita “vagabundice” das coisas, depois que montei a corneta na caixa, medi por dois dias e sempre havia essa queda brusca abaixo dos 10KHz
Estranho, não fazia sentido pelo que já havia medido… enfim, como a corneta tem rosca plástica, haviam algumas rebarbas na boca e para piorar, eu não conseguia rosquear até o final e com isso, criei um pequeno “gap” entre o driver e o início da corneta..
Pois bem, esses 2mm de espaço me geravam essa queda brusca na curva de resposta.
Moral da história: IMPRESSIONANTE como uma coisa ridícula como essa pode ter feito um estrago tão grande. - Foto 4
O woofer é muito interessante e perfeito para o que planejei.
Projeto do cross
O desafio de um bom crossover aqui era além de permitir um perfeito cruzamento entre vias, lidar com um “offset” gigante por conta da profundidade da corneta e lógico, permitir uma transição suave em uma região relativamente baixa sem comprometer a dispersão no eixo horizontal, que é o grande fascínio e o que se busca essencialmente nesse projeto, vide a introdução onde falei sobre “Constant directivity“.
Ou seja, a maior sinuca de bico, pois cortar muito baixo poderia trazer muita distorção do driver, cortar muito alto perderia o que já falei e ainda sacrificaria um woofer de 12″ que nunca é o mais indicado para se usar tão alto…
Alguns dias de projeto e eis que nasce essa coisa estranha aqui.. 🙂
Hora de medir novamente e ficar super feliz com toda essa trabalheira, ufa leia com atenção as legendas abaixo.
- Foto 1
A mágica do crossover, caixa medida com o crossover que desenvolvi. Variando algo como 3dBs de 100 a 20Khz. Uma coisa linda!
Uma pequena (???) depressão em 500hz já vem de fábrica com o PW5 e não há muito o que fazer, mas nossos ouvidos não são sensíveis a depressão, somente a picos, logo… - Foto 2
Agora o mais impressionante dos gráficos e a razão de ter apostado em uma caixa tão “diferente”.
A curva verde é uma medição a impressionantes 45 graus fora do eixo e a caixa, praticamente nem se abala na curva de resposta.
Pode ficar em qualquer lugar da sala, toca da mesma forma sem a mínima perda… caixa alguma sem corneta consegue uma proeza dessas e mesmo as que chegam próximo, acreditem, custam uma fortuna.. rs
Deu vontade de fazer um gráfico polar para ver onde e quando ela começa a apresentar perdas, mas se a 45 ainda está assim… UM ESPETÁCULO!
Colocando a roupa de gala
Como queria uma caixa relativamente escura, optei por laminar em Jacarandá e abaixo mostro algumas fotos, gostei muito. Ainda falta puxar brilho e dar o acabamento final… como foi uma foto noturna, a luz não ajudou em nada, mas depois troco por fotos melhores.
Levando para a sala
Mas o que já posso falar é que a caixa surpreende em cada audição, música pura com uma capacidade de gerar SPL sem a menor dificuldade.
Todos que escutam ficam maravilhados…
Para inspiração. 🙂 😀