A jornada
Alguns projetos são tão desafiadores que de certa forma, aos meus olhos, não tem como não serem executados. O que veremos abaixo é um exemplo típico de algo superlativo em todos os sentidos, cada componente, cada solda ou cada simples pedaço de madeira foi pensado visando sempre tentar alcançar o máximo de performance e beleza (isso ao seu critério.. rs).
Os componentes
Estarei usando o que existe de mais avançado em termos de alto-falantes, todos da Scan-Speak e são peças que revelam um nível de performance e construção que apenas pouquíssimos outros modelos e/ou fabricantes podem se dar ao luxo de exibir.
Se isso é bom por muitos motivos, traz um peso extra ao projeto… seria uma pena, simplesmente jogar esses alto-falantes em 6 tampos, chamar de caixa acústica e dar por encerrado. Usarei uma configuração do tipo MTMWW 🙂
- 2 woofers Scan-Speak de 10″ do modelo 26W/8861T00 – Um woofer com FS em 19hz
- 2 Mids Scan-Speak de 4″ do modelo 12MU/8731T00 – O supra sumo para região média
- 1 tweeter Scan-Speak do modelo D3004/664000 – Domo de Beryllium e Fs em 500hz
Mas o que fazer?
Pode parecer curioso, mas um dos maiores dilemas era como fazer algo bem especial já que a ideia era fazer uma caixa grandiosa, diferente e única.
O plano inicial do futuro dono era ter como base alguns projetos já relativamente conhecidos como Focal, Wilson Áudio, Gamut, Tidal e etc… Mas eu era contrário a essa ideia e o meu argumento se baseia em algo bem simples:
- Se a caixa ficar péssima, dirão: É apenas uma cópia, não poderia ser diferente…
- Se a caixa ficar maravilhosa, dirão: Imagine então como deve se a original…
No meu entender, nada é tão crítico do que simplesmente copiar. Meu argumento deu certo e com isso arrumei foi um problema gigante pois tinha assumido o desafio de tentar fazer algo que não fosse igual a nada no mercado, mas que também não fosse um peixe fora do aquário …
Teria que remeter a uma grande caixa, de altíssima performance e com um acabamento bem diferenciado.
Alguns estudos depois…
Eis que chego em um modelo bem interessante que finalmente agradou as partes… 🙂 😀
Como sempre falo, para um marceneiro de verdade isso pode até ser simples, mas para esse que vos escreve, representava uns problemas bem complexo, tanto de planejamento como de execução e o que mostro abaixo, deve dar uma ideia precisa da encrenca assumida. rs
Executando e se complicando…
Tudo me gerava um grande trabalho de projeto e execução, em quantidade, em precisão e etc…
Iniciei a construção pela parte dos graves, reparem a criação de um “slot” gigante, um corredor onde poderei inserir o crossover com relativa facilidade no gabinete e como verão mais abaixo nesse post, o crossover é gigante e montado em 2 andares.
Como a caixa tende a ser muito pesada. uma base era de certa forma mandatória. 🙂
O gabinete dos mids foi um caso a parte, me recusava a colocar internamente qualquer material para absorção e lógico, não poderia jamais fazer simplesmente um gabinete com 6 chapas, como já disse mais acima. Parti então para algo bem bem mais divertido.. 🙂
Ganhando forma e rumo ao acabamento
Como devem ter visto no projeto, eu havia planejado fazer um chanfro em cada seção… 🙂
O tweeter por ser selado, não me gerava qualquer dificuldade, ele entraria no baffle e eu apenas precisava ter uma estrutura única que pudesse unir todos os gabinetes, isso foi feito com a inclusão de uma lateral unindo a parte superior que inclui os médios e tweeter e casando com o gabinete dos graves, ou seja, em algum momento o que eram apenas partes isoladas, começou a fazer sentido…no embalo já foi laminado em uma rádica que gostei MUITO.
Apenas pintar, estava fora de questão e a razão era um tanto simples: EU DETESTO PINTAR… Fico sempre com a ideia de que tinha tudo para dar errado, pois de alguma forma, é o que sempre acontece.. rsrsrsrs
O visual com couro daria um tom sofisticado, desde que bem executado e foi o que tentei fazer. 🙂
O crossover e montagem técnica
O crossover era um caso a parte, todo montado com componentes de primeira grandeza, ficou muito pesado (uns 7kg se não me engano) e ocupando um espaço gigantesco para se instalado. Foi por isso que imaginei já no projeto, desenvolver a montagem em 2 andares e incluir como uma gaveta no gabinete de graves…
Cada componente foi escolhido a dedo, foi utilizado o que tem de melhor no mercado e isso inclui componentes TOPs da WBT, solda de prata Cardas, cabos de pratas para os médios e as altas, uma cabo conceituadíssimo da Kimber apenas para os graves. Aliás, cabo tão grosso que me obrigou a uma mega engenharia para a sua utilização no projeto.
Caixa montada
Com a caixa já montada na sala, para medição, eis que me deparo com o gráfico abaixo e a seguinte certeza: Valeu cada trabalho insano para que pudesse nascer. 🙂
Curva de resposta extremamente plana e sem qualquer anomalia. Coloco no gráfico faixa útil acima dos 200hz por conta da interferência do ambiente abaixo disso. Mas estamos falando de uma caixa que brinca em 20hz no ambiente. 🙂 😀
Por sorte o novo dono é do Rio de Janeiro e mesmo assim, entregar foi uma tarefa das mais complexa…eu não tenho mais coluna para esse tipo de operação. rs
Ela ainda aguarda o final de uma grande obra pois será estrela de uma sala dedicada generosa em construção, terá a companhia de um set extremamente refinado e capaz o que deve conjugar ao resultado final algo sem paralelo.
Aqui no meu sistema, infinitamente inferior ao que será utilizado em seu ambiente dedicado, ela se mostrou absurdamente cativante, refinada e com um poder e dinâmica que jamais havia presenciado aqui no meu ambiente. Referência absoluta!
Ouvir música era um deleite por horas, sem qualquer fadiga, muito musical… música clássica ou rock pesado é um evento a parte. Mas vocal era doce e cristalino… meu Deus, o tweeter é algo complicado de descrever.
Ufa…